terça-feira, 30 de setembro de 2008

SE


Se és capaz de manter tua calma, quando,
Todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti, quando estão todos duvidando,
E para estes no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a derrota e o triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a estes dois impostores
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
Em armadilhas as verdades que disseste
E, as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada,
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perdes e ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar, seja o que for que neles ainda existe
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
Resta a vontade em ti, que ainda te ordena: persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
E, entre reis, não perder a naturalidade;
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
Se és capaz de dar, segundo por segundo
Ao minuto fatal todo valor e brilho:
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu Filho!
(Rudyard Kipling)

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