segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Não é fácil viver (Roberto Corrêa)


“Óbvio que para crianças e jovens a vida é uma maravilha, salvo os inconvenientes das doenças, das contrariedades, das limitações. Mas, para o adulto carregado de encargos e trabalhos, no agitadíssimo dia de hoje, não é fácil ter uma vida onde predomine a alegria e a satisfação. À medida que o tempo passa, tudo vai se desvendando, os fingimentos vão sendo descobertos e –mesmo entre parentes -, as tendências separatistas, até então embrionárias, vão aumentando, em um mundo carregado de divergências, egoísmo, maldades.
Tendo de enfrentar toda essa animosidade, vê-se que não é fácil viver. Por isso que o nosso festejado Gonçalves Dias consagrou o lindo verso "viver é lutar", nos idos do século XIX, ancorado na história da humanidade onde a luta para a superação dos obstáculos foi constante e constatada com facilidade. Mas, desçamos à coisas corriqueiras e sejamos mais claros. Falemos da desunião das famílias, onde pais não se entendem com filhos, irmãos com irmãos, marido com a esposa e assim por diante. Nessa balbúrdia do desentendimento, da desunião, tudo se complica : planos e projetos não podem ser debatidos, realizações têm de ser às escondidas, diálogos são evitados ou são fúteis, decisões conjuntas não existem , o individualismo predomina .
Todos, então – constata-se- , estão vivendo uma vida fajuta ou seja, fingindo que se sentem felizes, que são o máximo, modelos que todos deveriam imitar. Os assuntos desagradáveis ou controvertidos são postos de lado e com a mídia espalhando a multidão de novidades é fácil enganar aos outros e a si próprio. O tempo vai passando e , se momentos de lucidez surgem, há necessidades de se estabelecerem rumos a serem seguidos. O melhor deles é valorizar a própria pessoa, não no sentido individualista improdutivo , mas na busca da sabedoria, tão importante para se viver bem . Enriquecendo a própria mente vamos nos auto afirmando e com o aumento do saber, não desesperaremos à toa mas, entendendo a realidade que nos cerca, paulatinamente, procuraremos encontrar recursos para vencer todas as dificuldades. E, se nos julgarmos capazes de triunfar, será uma alegria muito grande demonstrar aos incrédulos e adversários que saímos vitoriosos, que estávamos absolutamente certos quando insistíamos em não entregar os pontos, em lutar até o fim. A dificuldade em viver, posto de lado os obstáculos externos que todos necessariamente têm de enfrentar, muitas vezes está atrelada ao sem número de fofocas que se fazem nas conversações familiares, onde predomina a falta de amor. A pretexto de tornarem o ambiente alegre, informal, muitas vezes, tiram-se sarro de pessoas que apresentam alguma peculiaridade estranha, seja na voz, no andar, na situação difícil ou complicada por que passam e assim incrementam o ódio e a desarmonia. Precisamos com urgência dar um basta a situações como essas e procurar incrementar as boas maneiras, a sociabilidade, afim de que todos tenham esperança e se regozijem em viverem debaixo do sol, embora sejam simples criaturas.”

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